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Lagoa Misteriosa: o que há por trás do mergulho rumo ao inesperado

– Você já colocou o rosto na água? Perguntou o guia.
– Não. Respondi, com a serenidade de quem, supostamente, está esperando o melhor momento para isso.
Abaixei o rosto e… “Eita, cacilda! É fundo demais isso aqui”. Levantei a cabeça rapidinho, coração acelerado. Medo, adrenalina, alegria, tudo misturado. Sobressaiu a sensação de ter vivido a primeira experiência com flutuação mais intensa possível na vida de uma pessoa.
O roteiro do Amabilices em Bonito e Pantanal foi montado pela Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul. Coloquei em prática algo que adoro: não pesquisei nada sobre o destino. Apenas o suficiente para chegar até a cidade. Sabia que teria cobra, flutuação e quadriciclo. Mas, nem minha imaginação mais fértil foi capaz de prever a sensação de estar lá.
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Primeiro bateu um desespero. Não à toa. A Lagoa Misteriosa recebeu esse nome por um motivo óbvio: ninguém, jamais, chegou ao fundo dela. A profundidade é um mistério. O mergulhador que bateu o recorde foi Gilberto M. de Oliveira, em 1998, quando atingiu os 220 metros de profundidade.
Aliás, além da flutuação, é possível mergulhar com cilindro. Quem nunca mergulhou, pode fazer o curso básico e o batismo na própria lagoa. No primeiro contato, a profundidade máxima é de 8 metros. Para ir além disso, é preciso ter o curso de autônomo básico (certificação Open Water Scuba Diver), 18 metros; autônomo avançado (certificação Advanced Open Scuba Diver), 25 metros; autônomo nitrox (certificação Advanced Open Scuba Diver), 30 metros. Todas as categorias preveem até dois mergulhadores por instrutor. Profundidades maiores exigem o curso de mergulho em cavernas.
Mergulhar ainda está nas minhas metas de vida. Aos poucos vou tomar coragem. Até lá, posso dizer o que senti… Depois de me acostumar com o snorkel, com a sensação de estar num poço sem fim e de ter tirado todas as fotos que imaginei terem ficado boas, deixei a GoPro no deck e voltei para curtir. Aí, no meio do caminho, os raios de sol surgiram e todos eles se conectaram exatamente embaixo de mim, em algo que parecia ser o ponto mais fundo da lagoa. Senti um frio na barriga. Era como se um portal tridimensional estivesse aberto.
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Foto: Diego Oliveira | Studio 45 Graus
Uma gratidão profunda tomou conta de mim. Agradeci. Ali, no meio da lagoa, só consegui – sentir e – pensar em Deus. Foi tão intenso, tão verdadeiro, tão emocionante. Senti o presente de estar presente. Foi o ápice da estadia em Bonito! Se você tiver que escolher apenas um passeio, escolha esse!
É super bacana porque você não chega-chegando. Antes disso tudo aí acontecer, os visitantes fazem uma trilha, na qual o guia fala sobre a fauna e flora locais; encaram uma escadaria de 179 degraus – no meio tem o mirante de onde é possível enxergar a quase inacreditável lagoa azul no meio da mata -; recebem as instruções sobre a máscara e, só então, começa a flutuação/ mergulho, com duração de meia hora a 40 minutos.
Muito, MUITO, importante: se você pensa em incluir a Lagoa no seu roteiro, programe a viagem para os meses entre MAIO e OUTUBRO. É que há uma proliferação de microalgas que faz com que a flutuação e mergulho de 8 metros fiquem suspensos nesse intervalo.

Fique ligado:

– A Lagoa Misteriosa fica a 50 km do centro de Bonito;
– Ela e o Rio da Prata estão na mesma propriedade, mas é preciso percorrer um trecho de uns 10 minutos de carro, depois de preencher os documentos. Chegue com antecedência;
– É preciso reservar o passeio, por meio de agência de turismo, com antecedência;
– A propriedade não possui transfer;
– Câmeras subaquáticas estão disponíveis para locação;
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– O receptivo tem um bar onde o pagamento pode ser feito apenas em dinheiro ou cheque;
– Já no restaurante do Rio da Prata, onde é servido um almoço delicioso, típico de fazenda, são aceitos cartões Visa, Master e AMEX;
– Há restrições para gestantes e cardíacos;
– A idade mínima é de 8 anos e a máxima, 65 (com exceções, caso a pessoa tenha um bom condicionamento físico);
– Não é exigido que a pessoa saiba nadar, no entanto, eu, que já nadava, recomendo que, caso você esteja pensando em fazer a flutuação (o mergulho não preciso nem falar, né?), tente pelo menos se familiarizar com a água antes de ir pra lá. Conselho de amiga para que você vivencie com mais tranquilidade essa experiência extraordinária!
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Amabyle Sandri

Jornalista de viagens apaixonada por contar histórias. Criou o Amabilices para inspirar – e informar – quem ama viajar. Já visitou 13 países. Todos os outros estão na lista!