Por Kallie Donnelly (www.thoughcatalog.com) Tradução: Amauri Ghellere Garcia Miranda
Sair de casa, conhecer o mundo, ver coisas novas, conhecer pessoas, se apaixonar, visitar lugares fantásticos, aprender sobre as mais distintas culturas, tenta coisas novas – aí… tudo acaba.
Todos sempre falam sobre a partida, mas nunca sobre voltar pra casa. É muito fácil encontrar relatos sobre alguns aspectos difíceis de viajar, perrengues – encontrar trabalho, fazer amigos de verdade em que possa confiar, se manter seguro, apreender algumas normas comportamentais – porém isso são coisas relativamente fáceis de superar. Cedo ou tarde, todas estas dificuldades são superadas pelo viajante.
Quando viajando, a despedida nem sempre é fácil, você sabe que uma hora ela vem, isto é aguçado quando põe as mãos na passagem de volta. Mas toda tristeza da despedida é contida quando pensa no reencontro com familiares e amigos, momento no qual já passa pela sua cabeça desde o dia do primeiro embarque.
Então, volta pra casa, tem sua festa de recepção, passa as duas primeiras semanas reencontrando amigos e familiares, fica sabendo das novidades, conta suas histórias e aventuras. Aquela clássica cerimônia, de duas semanas, do retorno. Você é o centro das atenções, tudo é novo e excitante. Aí, então… tudo se vai. Todos se acostumam com a sua presença, você não é mais tão novidade assim, não brilha mais como antes e as perguntas começam: E agora, o que você pensa em fazer? Quais seus planos? Você está namorando com alguém? Já arrumou emprego? A parte triste é quando você termina as visitas obrigatórias, por ter estado fora por um ano; você está sentado no seu quarto, o mesmo que passou toda sua infância, e parece que nada mudou.
Claro, você está feliz que todos estejam felizes, saudáveis; as pessoas conseguiram emprego, estão namorando ou com alguém, noivaram, etc., mas uma parte de você está gritando dentro de si: “vocês não entendem o quanto eu mudei?” Eu não quero dizer roupa, cabelo, corpo ou qualquer coisa aparente. Eu me refiro ao que está dentro.
Seus sonhos mudaram, ideais e valores não são mais os mesmos, a maneira que você vê e analisa as pessoas, felizmente você perdeu alguns hábitos e felizmente você ganhou outros. Você quer que todos reconheçam, quer compartilhar e discutir isto tudo. Mas não tem como descrever ou quantificar esta evolução, quando você saiu da posição de conforto, deixou todos que conheciam e se forçou a pôr seu cérebro para trabalhar em sua capacidade real, não em um exame na escola.
Você sabe que está pensando diferente, porque viveu cada segundo de cada dia, mas como transpassar isso? Você senta raiva. Você se sente perdido. Há momentos em eu você sente que tudo foi perdido, porque nada mudou. Então, aí você percebe que isto é a única coisa que você fez de importante, porque isto mudou tudo. Qual é a solução para esta parte de viajar? É como ter aprendia uma língua estrangeira que ninguém mais ao seu redor fala, logo, não há forma de explicar o que você realmente sente.
Este é o motivo pelo qual, quando você viaja pela primeira vez, tudo que você quer é viajar novamente. Isso se chama travel bug (bicho da viagem, síndrome do viajante, etc.), mas isso nada mais é que a vontade de voltar para um lugar no qual você estará cercado de pessoas que falam a sua mesma língua. Não inglês ou espanhol ou mandarim ou português, mas a linguagem que outros sabem, como partir, mudar, amadurecer, experimentar, aprender, aí voltar para casa novamente e se sentir mais perdido em sua cidade natal do que você se sentiu na maioria dos países que visitou.
Esta é a parte mais difícil de viajar – e é o motivo pelo qual todo fugimos novamente.
Jornalista de viagens apaixonada por contar histórias. Criou o Amabilices para inspirar – e informar – quem ama viajar. Já visitou 13 países. Todos os outros estão na lista!
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