Pode parecer estranho para algumas pessoas, mas meu cérebro funciona melhor com música. E para falar sobre a minha primeira viagem de carro pela América do Sul, nada mais conveniente do que essa bela melodia da Calle 13 – um convite para viajar pelo mundo!
Com a trilha sonora definida, vamos ao que interessa!
Mendoza fica a aproximadamente 2100km de Cascavel – são dois dias inteirinhos de estrada. Mas se é tão longe assim, porque ir de carro e não pegar um avião?
Primeiro, porque eu precisava da maleabilidade de datas e lugares que o carro nos permite ter. Isso porque o meu objetivo por lá era subir montanhas – e não conhecer a cidade, que é linda, charmosa e ainda possui uma infinidade de vinícolas em seus arredores.
Segundo, porque eu estava morreeeeeendo de vontade de fazer uma viagem sem rumo. Eu sabia que queria ir até Mendoza, mas dali em diante não sabia de mais nada. No final das contas, acabei indo até Santiago, no Chile, e desviando uns 1000km na volta pra passar em Buenos Aires (vou falar melhor sobre isso nos próximos textos que escrever pro Amabilices).
Suzana Hinds em um dia de caminhada.
Depois de pesquisar algumas informações importantes sobre as escaladas da região de Los Arenales, reuni outras três amigas, tirei a carta verde, arrumei um triângulo extra pro carro e lá fomos nós! A ansiedade era tanta que sequer paramos pra dormir, fizemos um revezamento de motoristas e 24 horas depois de sair daqui já tínhamos percorrido quase todo o caminho.
Não sei nem por onde começar a descrever o que senti quando a Cordilheira dos Andes começou a aparecer no horizonte. Foi surreal. Uma infinidade de montanhas enormes, lindas e imponentes. A paisagem é tão diferente de tudo o que estamos acostumados a ver aqui no Brasil que parecia até coisa de outro universo.
Nossa passagem pela cidade de Mendoza pode ser resumida em um delicioso bife de chorizo e uma merecida noite de sono. No dia seguinte já partimos rumo à Los Arenales (uns 100km mais adiante), um dos paraísos da escalada argentina. Lá, montamos nossa casa (digo, barraca) e estabelecemos moradia por cerca de duas semanas!
A parte boa de ficar em uma barraca ao pé das montanhas é que você não precisa pagar por isso. Em contrapartida, você acaba tendo uma estrutura um pouco precária – não há energia elétrica, tampouco água encanada. No local até existe uma abrigo de montanha, mas ele não facilita em nada a vida se você não estiver acostumado a viajar com pouco ou quase nenhum conforto.
Meus dias ali foram incríveis, e entre uma escalada e outra, decidimos conhecer a vinícola Salentein, uma das mais próximas da nossa “casa”. Eu, que sou fã dos vinhos argentinos, fiquei encantada. Não fazia ideia de que a região é a quarta maior produtora de vinho do mundo e, de repente, o preço das garrafas de vinho começou a fazer sentido (em Manzano Histórico, chegamos a pagar 60 pesos – cerca de 15 reais – em um garrafão de Malbec).
Escalar na cordilheira dos andes foi tão bom que voltei no ano seguinte, com alguns propósitos um pouco mais desafiadores do que nos anos anteriores. Além de escalar em Los Arenales, eu pretendia tentar alcançar o cume de uma montanha de quase 6000 metros de altitude, o Cerro Plata, mas isso já é história pra outro post!
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