Despretensiosamente convidativa. Parece uma pedra no meio da mata. Mas, aí, basta um tiquinho de atenção para notar: o vão entre as rochas denuncia a surpresa que a natureza camufla. As grutas de São Miguel subentendem a proteção do arcanjo – embora pouco tenham a ver com a religião -, pelo menos no que diz respeito ao entorno de rochas que abraçam as esculturas feitas pelo tempo.
Mas, antes de chegar ali, há muito o que admirar. Do mirante, o planalto a perder de vista. São 200 quilômetros de extensão com largura que varia de 10 a 70 km e altitude máxima de 705 metros. Feita de curiosidade, me surpreendi com as lavouras, destoantes da paisagem. É o milho que se mescla ao bioma do cerrado.
O visitante também se sente integrado à natureza ao caminhar por uma ponte de madeira suspensa, a cinco metros do chão. Andar entre as copas das árvores é revigorante. Literalmente, rejuvenesci: ativei o modo criança-no-parque-de-diversão e curti o balançar da ponte!
** Caso necessário, há um carro elétrico que pode levar o visitante até a entrada da gruta. Mas não há rampas de acessibilidade no interior da caverna.
Tem também uma trilha curta em meio à mata. Num entroncamento, logo antes da entrada da caverna, existe a possibilidade de espiar, pelo vão da pedra, o lugar por onde todos irão passar na sequência. Ali, uma árvore demonstra a coragem da natureza, que ignora limites e se enraíza como que se estivesse suspensa no ar.
As dimensões da gruta impressionam. É como entrar num universo à parte. A iluminação é artificial. E é justamente a pouca incidência de luz que dá às formações – que têm a mesma “origem” que as da Gruta do Lago Azul – uma coloração mais clara. Outra diferença, fundamental, é que em São Miguel, as grutas são cavidades naturais secas – até se sabe que passou água por ali, mas há muito tempo.
Além das estalactites e estalagmites, advindas da dissolução da rocha calcária, a gruta conta com duas formações consideradas raras: os coraloides (que parecem um conjunto de couve-flor ou coral do mar) e as pérolas, formadas pelo gotejamento da água rica em calcário que rola, sedimenta e esculpe a bolinha. Sim, parece mesmo uma pérola.
Durante o passeio, Alice, guia do grupo, mostrou várias formações que lembram obras de arte famosas. Aliás, com uma dose extra de imaginação, dá para passar horas brincando de descobrir figuras. Eu achei um Rei Leão com o Simba no colo. Me amem!
Encontrar animais não depende apenas dos devaneios do visitante, é uma possibilidade real! Na gruta, vivem morcegos, aranhas, sapos, pássaros, lobinhos e até as corujas suindaras. Mas, para enxergar os bichos é necessária a combinação de sorte e … silêncio! Dois elementos difíceis de conciliar, diante do cenário surreal.
Fique ligado:
– As Grutas de São Miguel ocupam a segunda colocação no ranking de “grutas mais visitadas” de Bonito;
– A caverna está dentro da área da Reserva Natural Parque Nacional do Vale Anhumas;
– O limite estabelecido pelo Plano de Manejo é de 295 pessoas por dia;
– Os grupos são divididos em, no máximo, 15 pessoas;
– O tempo de permanência na gruta é de 30 minutos;
– Antes de começar o passeio, os visitantes assistem a um vídeo institucional e recebem as orientações;
– Com sorte, ainda no receptivo, você verá araras de pertinho;
– Todos recebem capacetes e lanternas;
– Leve protetor solar, repelente e água;
– A temperatura média dentro da caverna é de 24 graus;
– Vá de calçado fechado;
– O horário de visitação varia conforme a época do ano, consulte a agência com antecedência;
– Como em todos os atrativos de Bonito, para visitar as Grutas de São Miguel, é preciso ter o voucher, comprado numa agência de turismo;
– O passeio pode ser combinado com a Gruta do Lago Azul, já que fica no caminho para o atrativo;
– São permitidas crianças acima de 5 anos;
Dica esperta: até o dia 30 de junho de 2017, crianças de 5 a 11 anos pagam apenas a taxa do guia de turismo. O valor é de R$7,20.
E, se você acha que caverna “é tudo igual”, recomendo visitar as Grutas do Lago Azul e de São Miguel – duvido que você não irá rever seus conceitos!
** Para ler a matéria completa sobre a Gruta do Lago Azul, clique aqui.
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