Um projeto digital reúne a vida e as obras de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, maior mestre do barroco-rococó das Américas, que está acontecendo em Minas Gerais desde o dia 11 de novembro. ‘Aleijadinho Virtual – O primeiro artista brasileiro’ reúne uma experiência interativa em realidade virtual (VR) e uma exposição de obras do artista em realidade aumentada (AR). Um dos objetivos é contribuir para a preservação do patrimônio material do artista, criando um registro digital de alta definição de suas obras mais importantes. O projeto foi realizado pelo Studio KwO XR, e conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale através da Lei de Incentivo à Cultura.
A exposição acontece em Ouro Preto até 10 de dezembro no Museu da Inconfidência – e em Congonhas – de 15 de dezembro a 14 de janeiro de 2024, no Museu de Congonhas, com entrada franca.
“A ideia do projeto surgiu quando fomos convidados para criar uma experiência imersiva em torno das festividades da Semana Santa em Congonhas, e o local mais importante das festas religiosas era o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, que reúne um conjunto de obras de Aleijadinho. Apesar de ser considerado o maior artista do período colonial e patrono das artes no Brasil, Aleijadinho não era realmente conhecido pelo público”, explicou Francisco Almendra, diretor do projeto.
A história de Aleijadinho, numa exposição digital e interativa
Famoso por suas obras sacras, Aleijadinho criou um novo estilo de escultura e arquitetura brasileira. Poucos sabem sobre a sua doença misteriosa, que começou depois dos 40 anos, quando ele já era um artista conhecido. Antônio Francisco Lisboa era negro e alforriado, filho de um português com uma mulher africana escravizada.
Francisco Almendra, diretor do projeto, disse que apesar de ter sido considerada quase revolucionária em sua época, a arte de Aleijadinho é vista como uma coisa antiga, distante, principalmente pelo público jovem. “Meu intuito foi criar uma oportunidade de nos aproximarmos dele e abrir uma janela mais íntima para interagirmos diretamente com o artista, fugindo de estereótipos sobre sua doença e dogmas religiosos. Optei por utilizar tecnologia para facilitar essa ponte entre o passado e o futuro, levando o físico para o digital, e nos convidando a fazer parte da História”.
Inovação e tecnologia
A exposição recria Aleijadinho digitalmente de maneira fiel às pesquisas históricas, mas com uma voz contemporânea e por uma linguagem atual. Foi usado um scan 3D para digitalizar suas obras mais famosas em alta resolução, fazendo com que ao invés de encontrá-las distantes e frias como num museu, o público vai ficar lado a lado com Aleijadinho e ajudar a esculpir um profeta de pedra em sua oficina.
“Hoje em dia ninguém quer viver passivamente como se fazia no passado, queremos interagir, trocar. E é isso que vamos fazer em ‘Aleijadinho Virtual’: interagir em primeira mão com o primeiro grande artista brasileiro”, disse Almendra.
A exposição ‘Aleijadinho Virtual’ tem duas partes: uma experiência interativa em realidade virtual (VR), e uma exposição de obras do artista em realidade aumentada (AR). Na experiência VR haverá três estações de realidade virtual de última geração, com sessões individuais a cada 15 minutos em cada uma delas. O público poderá agendar gratuitamente um horário, e ao colocar os óculos será transportado para um encontro virtual com Aleijadinho em meio as suas obras mais famosas em Ouro Preto e Congonhas. Os visitantes poderão se movimentar dentro da experiência, interagir com objetos e até mesmo esculpir um dos 12 Profetas de Aleijadinho enquanto o Mestre os guia no ofício. A experiência VR é aberta para maiores de 12 anos.
Já a exposição em realidade aumentada vai mostrar dezenas de obras de Aleijadinho digitalmente em 3D. Usando a câmera de seu próprio celular, o público poderá ver as obras como hologramas em alta definição presentes no próprio espaço físico da exposição. Entre as obras estão “O Cristo Carregando a Cruz”, “O altar da Igreja de São Francisco” e os “12 Profetas do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos”. A classificação é livre e não é necessário agendamento prévio.
Preservação do patrimônio material
O projeto Aleijadinho Virtual, com exposição digital e interativa, tem por objetivo preservar o patrimônio material do artista, com um registro digital de alta definição das suas obras mais importantes. O processo de escaneamento 3D se deu em colaboração com o Museu da Inconfidência, o Museu Congonhas, o IPHAN, as Secretarias de Cultura de Ouro Preto e Congonhas, e as Arquidioceses de Mariana e Ouro Preto.
Usando um processo chamado fotogrametria, foi criado um registro fotográfico minucioso das peças somando milhares de imagens, e a partir daí foram criados modelos 3D de alta resolução de cada obra registrada. Esses modelos 3D servirão tanto para a exposição digital e a experiência VR, quanto para fins de preservação e pesquisa.
A coleção completa de modelos 3D será disponibilizada para as equipes do IPHAN, Museu da Inconfidência e Museu Congonhas, e poderão ser usadas futuramente por pesquisadores da área ligados a estas instituições.
SERVIÇO:
‘Aleijadinho Virtual – O Primeiro Artista Brasileiro’: experiência interativa em realidade virtual (VR) e exposição de obras do artista em realidade aumentada (AR).
Datas e locais
Ouro Preto: Até 10 de dezembro no anexo do Museu da Inconfidência (Praça Tiradentes, 139 – Centro Histórico). Horário: de terça-feira a domingo, das 10h às 17h.
Congonhas: de 15 de dezembro a 14 de janeiro de 2024, no Museu Congonhas (Alameda Cidade Matozinhos de Portugal, 77 – Basílica). Horário: de terça-feira a domingo, das 9h às 17h.
Entrada gratuita
Experiência interativa VR: agendar pelo site Classificação 12 anos.
Exposição virtual: sem agendamento prévio. Classificação Livre.
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