Ali, onde Pachamama – a mãe-terra dos incas – faz morada, as constelações parecem tão próximas, que, na ponta dos pés, são possíveis de alcançar. Viajante vira conexão entre céu e terra. A 2.195 metros, não é a altitude que tira o fôlego, mas os contornos revelados pela claridade que, aos poucos, anuncia o amanhecer.
Mechi, da agência La Caldera Viajes y Turismo, e eu decidimos assistir ao nascer do sol no alto das montanhas de Purmamarca, cidade da Província de Jujuy. Fazia 6 graus quando deixamos o Colores de Purmamarca Casas Boutique em direção ao Cerro de Los Siete Colores – uma das principais atrações do norte argentino. Às seis da manhã, das sete cores, apenas a silhueta se fazia ver.
A espera pelo sol dá aos olhos a oportunidade de se adaptar. As pupilas, aos poucos, se retraem. Os detalhes, antes encobertos pela falta de luz, passam a se destacar. Primeiro, se definem o que é cidade, o que é vegetação e o que é morro. Aí, quando os raios de sol alcançam as montanhas, o espetáculo é de emocionar. Como se Deus tirasse um lençol para revelar sua obra-prima, em segundos, a luz evidencia o capricho divino.
Páprica, noz-moscada, canela. Camadas de cor de temperos sobrepostas. Tons a dar sabor aos altos e baixos das montanhas. Mas, fora da minha imaginação, o colorido todo pouco tem a ver com gastronomia. A explicação é geológica mesmo. A cadeia de montanhas teve a participação de processos vulcânicos e o contato dos minerais da rocha com a água e o oxigênio fez com que surgissem as cores. No caso do óxido de ferro, o marrom-avermelhado. O enxofre puxa para o amarelo e o cobre dá os tons azulados e esverdeados.
O resultado da criatividade da natureza atrai viajantes para o norte da Argentina. É lá em cima, quase na fronteira com o Chile e com a Bolívia que está o Cerro de Los Siete Colores, uma das partes mais famosas da Quebrada de Humahuaca – declarada Patrimônio Mundial da Unesco, em 2003.
Como chegar?
Quebrada, significa vale profundo, Humahuaca, pequena cidade. Ao longo do vale, vários pueblitos têm vista para as montanhas coloridas. A região, aliás, é habitada há mais de 10 mil anos e era rota de caravanas do Império Inca no século XV. Hoje, é facilmente acessada numa viagem de carro. Do aeroporto de Jujuy até Purmamarca são 95 km de distância, num trajeto que inclui uma bela mudança de paisagens do verde tropical aos tons terrosos.
Para quem está hospedado em Jujuy, é possível ir de ônibus a partir de San Salvador de Jujuy ou ainda sair da capital da província vizinha, indo de Salta até Purmamarca.
Uma alternativa também é ir de táxi ou contratar um passeio por agência de turismo.
Quanto tempo ficar?
A cidade de Purmamarca tem cerca de 300 habitantes. É um pueblito simpático, porém sem muitas atrações que justifiquem longas estadias – exceto para quem procurar descansar (e, sinceramente, eu passaria facilmente um fim de semana por lá!). Um dia completo é suficiente para subir nos mirantes naturais, passear pelas montanhas, experimentar a gastronomia local e fazer compras na feirinha de rua.
Caso você não consiga chegar de manhã ou no início da tarde, quando a luz é ideal para as fotos, recomendo passar a noite para assistir ao nascer do sol – um espetáculo e tanto, com a vantagem de que você já estará aclimatado. Dica: suba as montanha devagar!
Quando ir?
Todas as épocas dos anos garantem boas experiências. No inverno, as baixas temperaturas podem desencorajar os viajantes mais friorentos (os 6 graus que citei no texto foram em abril!), por isso, o verão é uma ótima pedida.
Onde ficar?
Caso você opte por se hospedar em Purmamarca, recomendo fortemente o Colores de Purmamarca Casas Boutique, uma opção boa para quem viaja em mais pessoas – 4 viajantes seria o ideal. É que nessa modalidade de hospedagem, você aluga o sobrado, com duas suítes, sala e cozinha equipadas e uma sacada com vista para o Cerro.
O café da manhã é dos deuses, com media lunas e facturas (croissants e massas recheadas), salgados, pães, frios, sucos naturais, café com leite e, claaaaaaro, o maravilhoso doce de leite argentino.
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Onde comer?
Escolhemos uma Peña (restaurante com show folclórico) super tradicional da cidade, que se chama El Rincón de Claudia Vilte. O menu tem várias opções de gastronomia típica argentina – escolhi, para chegar chegando, empanadas, claro, mas eles têm todos os assados e afins que vocês possam imaginar. Preços acessíveis, sabor incrível e ambiente aconchegante.
Devo colocar Purmamarca no meu roteiro?!
Sem sombra de dúvidas. É um dos destinos mais surpreendentes em termos de cenários que conheci na Argentina. É diferente de tudo que a gente está acostumado. E tem a mesma pegada da Rainbow Mountain, do Peru, só que sem tanto esforço! Inclua, sem medos – e sem arrependimentos! E prepare o fôlego para os suspiros de encanto!
Já foi pra Purmamarca e tem dicas?! Deixa nos comentários!!!!
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