Mágico, mítico, magnífico. Aliteração à parte, Le Mont Saint-Michel concede à Normandia o posto de cenário de conto de fadas ou filme épico. Uma formação rochosa que, ora é ilha, ora é monte cercado por areia movediça, não poderia atrair menos visitantes: este é o terceiro lugar mais visitado da França, depois de Paris e do Palácio de Versalhes.
Mas, não caia na mesma armadilha que eu caí. Apague da mente a estrutura turística completa que você imaginou. Meu primeiro e mais precioso conselho: alugue um carro. Segundo conselho: passe a noite lá! Terceiro conselho: leve comida. (Tá, essa é uma dica para pessoas desesperadas de fome como eu. Se não for o seu caso, ignore).
Onde fica, como chegar, por que esse radicalismo, Amábyle?!
O Mont Saint-Michel, fica no noroeste da França, na divisa da Normandia e Bretanha. Para chegar, saindo de Paris, peguei um trem até Rennes (duas horas de viagem) e a ideia era alugar um carro para ir até a cidade. No entanto, a locadora de carros estava fe-cha-da! Era sábado chuvoso.
Desesperada, munida do meu francês-para-emergências, pedi informação para a primeira mulher que vi na frente. Ela disse que o último ônibus do dia sairia em minutos (depois descobri que não foi coincidência. Existem passagens combinadas trem + ônibus, que você compra com desconto com 90 dias de antecedência). Corri. Muito. Na chuva! Por sorte, a estação rodoviária é na frente! Comprei o bilhete e em 2 minutos o ônibus saiu.
Não! A adrenalina não acaba por aí. Depois de uma horinha de calmaria no ônibus, cheguei ao terminal rodoviário. Pensei: claro, vou chegar, comprar uma água, uma comidinha e pegar um táxi até o hotel. Ledo engano! O terminal estava fechado. A estrutura, no meio do nada, não tinha comida, muito menos táxi. Nessa altura, meu francês já estava fluente e aprendi a choramingar como os nativos. O que não adiantou nada. “O hotel fica a 3 km daqui. É pertinho! Nenhum táxi virá para levar você”, ouvi, umas três vezes, nos estabelecimentos pelo caminho.
Pensem no máximo de palavrões que uma pessoa é capaz de pensar em um minuto. Foi pouco perto do turbilhão de palavras raivosas que minha mente produziu naquele instante. Ok. Caminhei TRÊS quilômetros com uma mochila nas costas e DUAS malas (porque, nessa altura – era o 22º dia da viagem -, já tinha uma mala extra de lembrancinhas) pelo meio da estrada (que não tem acostamento), desviando do cocô das poéticas ovelhas, até chegar ao hotel.
Ufa! Hora de descansar! Nãããão!! Eu queria comer. Precisava, estava faminta. Aí entra outro detalhe MUITO importante que NINGUÉM me contou no blogs afora. Num sábado à noite, não existe NADA aberto nas redondezas do Mont Saint-Michel.
*É importante destacar que existem duas opções: ou você se hospeda no próprio Mont Saint-Michel (e deixa seus rins + fígado como forma de pagamento) ou fica nas redondezas, com a vista do monte e com tarifas mais convidativas. Óbvio, essa foi a minha escolha. Fiquei no Auberge de la Baie. (Em outro post falo sobre o hotel).
Resumo? Choraminguei de novo, dessa vez, num tom de desespero-raiva e consegui um encaixe no restaurante do hotel. Então, anotem aí: RESERVEM o lugar para comer caso decidam passar a noite por lá.
Ah, é possível fazer um bate-e-volta. É puxado – já que são seis horas de viagem num dia -, mas é possível. Eu não recomendo. O lugar é tão espetacular que vale a tranquilidade de sentar e ficar observando, sem pressa, toda aquela grandiosidade.
Amábyle, por que você quis tanto ir para o Mont Saint-Michel?!
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