O toque frio da brisa no abrir de portas do Ezeiza era o contraponto do caloroso e pouco usual sorriso do motorista do táxi. Lembro da sensação como hoje. Era 2011. Minha primeira viagem internacional. O colorido das barraquinhas de flores, nas ruas; o contorno adornado dos prédios; o contraste entre novo e antigo; o sol desenhando a sombra nas folhas secas, amarelo-mostarda, que enchiam a copa das árvores, no sutil balançar do outono. As incontáveis avenidas pareciam engolir o icônico táxi preto e amarelo. Tudo tinha o glamour dos filmes e a ansiedade diante do novo.
Na minha primeira ida a Buenos Aires, não pesquisei NADA. Simplesmente cheguei na cidade. A viagem durou 4 dias, contando ida e volta. Achei pouco. Prometi voltar. Seis anos depois, voltei!
Em fevereiro desse ano, decidi encarar uma experiência mais intensa. Ir de ônibus! (Contei tudo AQUI). Embarquei em Puerto Iguazu, na fronteira com Foz do Iguaçu e, 18 horas depois, desembarquei na c-a-ó-t-i-c-a rodoviária de Buenos Aires. Intensifiquei o momento. Em plenos 40 graus do verão, peguei o ônibus do transporte público rumo ao centro. Vários ônibus fazem o trajeto. É preciso comprar um cartão Sube – ele é válido para ônibus e também para o metrô. Comprei na própria rodoviária, mas, de acordo com o site oficial da prefeitura, há mais de 4 mil pontos de venda pela cidade (nas próprias estações de metrô, em kioskos – quiosques mesmo – ou nos Centros de Atenção ao Turista).
Fui de ônibus até o hotel, sim. Mas, não iria novamente. Suei TANTO que a senhora do banco da frente me deu o pacote de lencinhos, numa prova de gentileza e piedade. Perdi o ponto de parada. Caminhei três quadras extras. Fui salva por um argentino educado e por um Starbucks, com o chá gelado mais magnífico da vida. O hotel era a uma quadra e meia dali. Em meia hora pós-check in, superei o trauma da chegada. (Nem foi tão ruim assim).
ONDE FICAR
Discutir sobre o melhor bairro para se hospedar em Buenos Aires é como chegar à conclusão sobre qual é o melhor time de futebol numa mesa de bar cheia de amigos de estados diferentes. Tudo depende do ponto de vista. Eu gosto do centro. É feio, é perigoso (à noite) e as construções são mais antigas, MAS, fica perto de tudo, você faz tudo a pé, oferece mais opções de hospedagem e é, consequentemente, mais barato. Para a primeira ida à cidade, recomendo fortemente. Numa segunda ida, eu ficaria em Palermo ou Recoleta, que são bairros mais tranquilos e charmosos, embora bem afastados. (Como vocês descobrirão nos parágrafos a seguir, não fiquei neles AINDA. É que aproveitei esse ano para produzir material para o blog, então precisava de praticidade).
Em 2011 me hospedei no Milhouse Avenue (existe outro Milhouse, o Hipo, que fica do outro lado da avenida, a uma quadra e meia do Café Tortoni). O hostel mais badalado e louco da cidade. A estrutura é de hotel, fiquei num quarto privativo enorme e confortável com banheiro privativo – com banheira! Ótima pedida para quem quer ficar bem localizado, festar muito e gastar pouco. O café da manhã não é dos melhores. Em contrapartida, o hostel fica a uma quadra e meia da avenida 9 de julio (a principal da cidade) e a duas quadras da praça do congresso. De dia, caminhe sem medo. À noite, só saia de táxi (os oficiais).
Em 2017, optei pelo Centuria Hotel Buenos Aires. Um hotel relativamente bem avaliado no booking (nota 7,8), com quartos reformados, camas confortáveis e uma boa infraestrutura. Café da manhã intermediário, mas super bem localizado – e com diárias bem convidativas. (Não esqueça de pedir pelos quartos sem carpet). Fica a uma quadra e meia do Café Tortoni e a quatro quadras e meia da Plaza de Mayo, onde fica a Casa Rosada.
Pontos Turísticos Essenciais
Casa Rosada
Como o próprio nome sugere, a Casa Rosada, assim como a Casa Branca, leva o tom que o nome dá. É a sede da presidência da república argentina e, além de imponente, é aberta para visitações. Para isso, você deve preencher um formulário, com 15 dias de antecedência, neste link. As visitas ocorrem nos fins de semana e feriados, das 10h às 18h e são gratuitas.
Obelisco
Apague essa imagem aí incrível que você cria toda vez que ouve esse nome. O obelisco, na primeira vez que fui a Buenos Aires, era apenas uma construção alta, comprida e magrinha. Pouco fotogênica, eu diria. (Sim, eu sei. Nas fotos da internet, visto de cima, com a avenida ao redor, fica liiiindo! Mas, esse não é o ângulo nosso, dos pobres mortais). Agora, colocaram o BA que você vê nas fotos (inclusive na minha!). Curiosidade: o monumento foi criado, em 1936, para comemorar os 400 anos da cidade e está posicionado no lugar onde foi hasteada a primeira bandeira da Argentina.
Praça do Congresso
Um espaço imponente, bonito e convidativo! Desenhada pelo arquiteto paisagista francês, Carlos Thays, a praça recepciona o visitante a caminho do prédio do Congresso Nacional. Ali está também uma estátua do Pensador, de Rodin. Visite a praça durante o dia. Fique esperto com os pertences.
Puerto Madero | Puente de la Mujer
De um lado está o centro, com as construções antigas, do outro lado da água, o moderno Puerto Madero, o bairro nobre e elegante de Buenos Aires. Ali você encontra o centro financeiro da cidade, vários restaurantes chiques e a parte mais tranquila e segura para passear à noite, à margem da água. Assista ao cair da tarde daqui. Os prédios refletidos na água ficam um espetáculo.
Ah, claro. Não esqueça de fazer a tradicional foto com a Puente de La Mujer, obra do arquiteto espanhol Santiago Calatrava – uma ponte pentagonal giratória que representa um casal dançando tango.
Cemitério da Recoleta
Um cemitério no roteiro?! Arram: O cemitério. Tá, parece um pouco bizarro, assim, à primeira vista. Mas, juro: o tour é legal demais. Por que?! Existem túmulos de pessoas famosas – como a Evita Perón – e túmulos e mausoléus com histórias interessantíssimas (e assustadoras, por assim dizer!). Faça o tour guiado! Existe a opção gratuita, a saída é do portão principal.
Floralis Generica
A famosa flor metálica que abre e fecha conforme a luz do dia. A escultura foi criada pelo arquiteto argentino Eduardo Catalano. O bacana é que, perto da escultura, tem algumas espreguiçadeiras de madeira para esticar as pernas. A Floralis está na Praça das Nações Unidas, que fica na frente da Faculdade de Direito.
Dica: Coloque a Floralis no mesmo dia que o cemitério. Para chegar de um local ao outro, basta uma caminhada de 15 minutos.
Caminito
Outro cartão postal da cidade é o Caminito. O conjunto de construções, pintadas de colorido, abriga lojinhas de souvenirs e restaurantes caros. Visite, tire fotos mas evite comer por ali. Os valores são absurdos e o atendimento deixa a desejar.
A história do lugar é bem bacana. Por ali, passava uma linha de trem. Em 1928, a ferrovia fechou e a área estava abandonada. Foi quando um grupo de moradores decidiu reformar o local. No grupo, aliás, estava o famoso pintor Boca Quinquela. Em 1959 o Caminito (que recebeu esse nome por causa de um tango) foi transformado em museu a céu aberto.
Atrações Complementares
– Feirinha de San Telmo;
– Palácio Barolo;
– Tour de Bike;
– Café Tortoni;
– Estádio La Boca;
– Mafalda.
Sobre essas outras atrações eu falarei nos próximos posts!!! Você já foi para Buenos Aires?! Qual seu ponto turístico favorito?! Deixe nos comentários!!!!!!
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