O Brasil é imenso. Num país onde cabem muitos outros países, a Chapada Diamantina representa a Bélgica dentro da Bahia. Uma parte dela é reservada ao Parque Nacional, região com 152 mil hectares entre picos e vales, distribuídos num trecho da Serra do Sincorá, a parte norte da Serra do Espinhaço – uma cadeia montanhosa que se estende pelos estados da Bahia e de Minas Gerais. O Vale do Pati é um recorte dessa imensidão. A travessia é considerada um dos trekkings mais bonitos do Brasil. Teoria que pude confirmar pessoalmente. Esse foi meu primeiro trekking longo: uma experiência inesquecível.
Didaticamente explicando, a travessia do Vale do Pati é feita mais ao norte do Parque Nacional da Chapada Diamantina. Dá uma olhada no mapa:
O Vale do Pati pode ser acessado por três cidades principais: Guiné (distrito de Mucugê), Andaraí e Vale do Capão (distrito de Palmeiras). Outras opções de entrada no Parque Nacional da Chapada Diamantina são Ibicoara, Itaetê e Lençóis. Há 38 trilhas de acesso ao parque. O roteiro dentro da área é definido pelo viajante em acordo com o guia. Entre as atrações que podem ser visitadas estão o Cachoeirão – uma das maiores cachoeiras do Brasil, com 270 metros de altura -, Cachoeira do Calixto, Cachoeira do Funil, Mirante da Rampa e Morro do Castelo, de onde é possível enxergar todo o vale. Para conhecer todos esses atrativos são necessários, pelo menos, 7 dias de rotina puxada, mas você pode adaptar o roteiro à sua disponibilidade de tempo e preparo físico.
Trilha boa é trilha compartilhada. Então, nessa jornada, quem me acompanhou foram o repórter cinematográfico Alex Carvalho e a educadora física Bruna Mayer. Dica? Escolha com atenção e carinho seus companheiros para a trilha. Logo nos primeiros quilômetros de caminhada a gente descobre que a companhia faz toda a diferença.
Escolha x Imprevistos
Começamos a elaborar o roteiro um mês antes da viagem. Optamos pela versão de três dias. O plano original foi mudado por conta da seca – já fazia 2 meses que não chovia quando estivemos lá, em fevereiro de 2019. Aliás, é de imprevistos que se faz a vida – e a trilha! Por isso é importante escolher um guia que conheça bem a região. Quem conduziu o nosso grupo foi o experiente João do Capão. Guia há mais de 30 anos, João é conhecido por fazer o trekking descalço.
Planejamento
Existem várias formas de chegar na Chapada Diamantina. Mas, as mais fáceis são pelo aeroporto de Lençóis, que opera com dois voos semanais, ou pelo aeroporto de Salvador, de onde você pode pegar um ônibus ou alugar um carro e dirigir até uma das cidades que dão acesso ao Vale do Pati.
Pela comodidade, alugamos um carro. Aí, foi preciso alinhar a logística. Nossa trilha começaria pela Guiné e terminaria no Vale do Capão. São quase 50 km entre um ponto e o outro. A dúvida era: o que fazer com o carro?! A saída foi deixar o Jeep Renegade (optamos por esse modelo por conta das estradas) na pousada onde nos hospedaríamos no Vale do Capão e contratar um transfer até a Guiné.
Notem a importância do guia antes mesmo da trilha. João entrou em contato com Ronildo, motorista que faz o serviço de traslados na região. Ele foi o responsável por nos conduzir no trajeto da ida (Capão -> Guiné) e da volta (saída do Capão -> Pousada Tarumim).
Para consultar os valores de transfer, sugiro entrar em contato diretamente com Ronildo pelo telefone (75) 9148-9052.
Pré-trilha
Dormimos na Pousada Guiné, de onde o proprietário, Eduardo, nos levou de carro até o ponto inicial da caminhada na manhã seguinte. Esse serviço de transfer pode ser negociado diretamente com ele.
Obs: Sou só elogios para o café da manhã da pousada, preparado com o maior carinho e cheio de pratos típicos que nos ajudaram a imergir na cultura local.
Hey Ho?!
Dia 1
Às 10h15, a trilha começou leve, com uma caminhada curta por vegetação rasteira até o primeiro morro.
É a ele que os moradores se referem como a “subida do Aleixo”. Trata-se do teste físico e psicológico que recepciona os trilheiros. A subida é íngreme por caminhos estreitos, ora de terra, ora de pedra, em direção ao topo do morro. Lá de cima é possível ter uma primeira noção do que o Vale do Pati nos reserva.
Nesse momento, João nos propôs uma escolha: caminhar até o Cachoeirão – que estava seco – ou ir direto para a Cachoeira do Funil. Escolhemos a segunda opção. A caminhada pelos Campos Gerais do Rio Preto é tranquila, embora longa e por quilômetros a fio sem sombra.
Aqui usei a técnica que aprendi com o Dom Carlos, do Trekkers Cascavel: investir no lenço – que protege o pescoço – como proteção para os braços também. Uma sombra providencial e super bem vinda.
O primeiro contato com água é na travessia do Rio Preto. Como o nome sugere, as águas do maior afluente do Rio Paraguaçu têm coloração diferente: são mais escuras, por conta da composição química do rio. Em tempos de seca é possível atravessá-lo cortando caminho por cima das pedras.
Falando em pedras… olha essa poltrona, esculpida pelo vento:
Depois de, aproximadamente, três horas de caminhada, chegamos no Mirante da Rampa, de onde é possível contemplar a imensidão do Vale do Pati.
Dica: esse é um ponto que pode ser visitado numa trilha de um dia. Boa pedida para quem não tem tempo ou pique para circuitos mais longos.
O contorno dos morros intercalado com o desenho das árvores a colorir o horizonte num ton sur ton de verdes sem-fim é daqueles cenários que conseguem nos esvaziar de nós mesmos. É como se naquele espaço só coubesse a imensidão que nos reconecta à natureza.
Ali, nossas asas de fazem raízes.
Ou barbatanas. É que o que hoje é mato já foi mar. 1.8 bilhão de anos atrás, a Chapada Diamantina era encoberta pelo oceano. Um choque das placas tectônicas causou as fendas e depressões que, desde então, compõem o parque.
Desse ponto até a Igrejinha – uma das opções de hospedagem dentro do Vale do Pati – o caminho é feito de descidas por caminhos de pedras e raras sombras. Uma delas é essa:
Às 14h30, fizemos uma parada estratégica na Igrejinha. Ali, encontramos banheiros limpos, bancos para descansar e água – natural e mineral, à venda.
Mais uma hora de caminhada e chegamos à Cachoeira do Funil. Na verdade, o rio tem várias quedas d’água pelo caminho. Essa é a mais alta, no entanto, é possível se banhar em vários pontos ao longo do curso do rio.
A água é gelada e o poço não dá pé. Não cheguei a nadar até a queda. Mas há um apoio onde é possível sentar e curtir a água que cai sobre as costas.
O almoço foi servido aqui. João traz tudo na mochila e prepara na hora. As frutas são descascadas do local. O suco natural de maracujá vem concentrado, pura fruta, e é misturado com a água geladinha. Queijo e salame têm a embalagem aberta ali mesmo. Tudo fresquinho e saudável.
Após o banho de cachoeira, partimos em direção à Casa do Sr. Wilson. Às 18h30 chegamos no local onde dormiríamos pelas próximas duas noites.
Dica: no final de cada dia, faça um alongamento antes de tomar banho e relaxar. Isso ajuda na recuperação dos músculos e prepara o corpo para o descanso e para o dia seguinte. Todos os dias a Bruna nos alongava. Na manhã seguinte, acordávamos zerados!
Dia 2
O silêncio na hospedaria do Sr. Wilson é inconfundível. Onde morros fazem morada, o sol nasce preguiçoso, encoberto pela típica névoa que conforta os olhos curiosos a apreciar a paisagem. Os únicos ruídos são o do vento a bater nas folhas da bananeira e os pássaros, cantarolando sons de bom dia.
Das regras da trilha, duas se fazem fundamentais: alimentação e hidratação. Comer nas horas certas e tomar muita água são o segredo de uma caminhada tranquila. Então, o dia começa com o café da manhã reforçado.
Nos 10 pontos de apoio ao longo do Vale do Pati, a diária inclui jantar, estadia e café da manhã. O valor, em fevereiro de 2019, era de R$120,00 por pessoa. As opções de hospedagem são: Igrejinha, Casa do Sr. Wilson, Casa de Agnaldo, Casa da Dona Leia, Casa da Dona Raquel, Casa da Prefeitura, Casa da Dona Linda, Casa do Sr. Eduardo e Casa do Sr. Joia e Dona Leu.
O segundo dia foi dedicado à subida do Morro do Castelo. Esse é o dia mais difícil em termos de desafio físico. A distância é curta, mas as subidas, escaladas e travessias de caverna tornam o roteiro desafiador. A caminhada começa em mata fechada, com terreno acidentado.
Em uma hora de subida a gente consegue ter noção do quanto caminhamos para chegar até ali. A casa do Sr Wilson fica pequenininha diante dos morros sem-fim. Mas essa é só a primeira parada.
O percurso é tão íngreme que, olhando pra cima, parece difícil acreditar que é possível chegar lá sem equipamento.
Mas é! E, na Gruta do Castelo, descobrimos para que serve a lanterna – item essencial na mochila dessa viagem. Para chegar num dos pontos mais bonitos do Morro, é preciso atravessar uma caverna. O percurso durou 20 minutos e foi um dos trechos mais desafiadores para mim. (Já tive Síndrome do Pânico, então o grau de dificuldade aqui teve mais a ver com as minhas superações pessoais do que com a caverna em si).
A recompensa é chegar a um dos lugares mais inacreditáveis em que já estive. Emoldurada pelas rochas irregulares, a paisagem se apresenta como uma grande janela de Deus.
Embora já tivéssemos alcançado um ponto bem alto do Morro do Castelo, ainda faltava muito para chegar ao topo. E essa foto representa bem a sensação de pequeneza!
Quatro horas depois de começar o percurso, chegamos ao ponto mais alto. São 1.280 metros de altitude. O topo de uma rocha de onde é possível enxergar o Vale do Pati de todos os ângulos. 360 graus de visibilidade. O cansaço some. Os sons desaparecem. A alma esvazia. É a imponência da natureza intocada a calar até o mais inspirado trilheiro.
Depois disso, o que resta é contemplação. A volta reserva outra caverna e a possibilidade de um banho de rio, antes do retorno à Casa do Sr. Wilson.
Nem todos os roteiros incluem hospedagem no mesmo lugar por duas noites seguidas. Essa foi a nossa escolha e isso permitiu que subíssemos o Morro do Castelo sem o peso das mochilas – o que foi fundamental para o bom desempenho nas subidas. Se você, como eu, não está habituado a trilhas longas, considere essa possibilidade.
Dia 3
Terceiro e último dia. O mais difícil pra mim. Foi o mais longo. Mais de 20 quilômetros de caminhada rumo ao Vale do Capão. Lembram que falei sobre o companheirismo no começo do texto?! A Bruna, logo no primeiro dia, torceu o pé. No fim do dia, machucou o joelho. Subimos o Morro do Castelo num ritmo mais tranquilo. Para ela, as subidas eram mais fáceis que as descidas. Por isso, decidimos alterar novamente o roteiro.
A seca dos últimos meses somada às dificuldades com o trajeto fizeram com que o João nos propusesse esse caminho mais longo, porém com pontos de água para reabastecer garrafinhas e camelbacks. Foi a melhor escolha!
Saímos da Casa do Sr. Wilson às 9h da manhã. O primeiro trecho da trilha foi pela Mata Atlântica. Caminhada agradável, com poucas subidas e bastante sombra e água. Três horas depois, chegamos à Cachoeira do Calixto. Nos energizamos. O lugar é lindo. Estava vazio. Éramos só nós, a água gelada e o entorno a nos abraçar. Almoçamos ali mesmo.
No período pós-almoço eu chorei. Talvez por estar de estômago cheio (dica: não comam MUITO nas paradas. O segredo é ir comendo aos poucos, para o corpo ter tempo de digerir!), talvez por detestar subidas e esse trecho só tinha subidas (com o peso da água no camelback, ficava ainda mais difícil). Foi o momento em que achei que não iria conseguir. Aqui destaco o papel do Alex. Ele e a Bruna foram fundamentais em inúmeros momentos. Mas, nesse dia, sem ele, eu teria desistido. Eu não conseguia respirar. Minha pressão baixou. Só que não havia a possibilidade de parar. Aí eu chorei. Muito. De soluçar. E ele dizia: “em uma hora isso vai melhorar. É só o seu estômago”. E eu acreditei. Segui chorando. “Uma lágrima a mais é um peso a menos”, dizia o João.
Na trilha, é assim: cada palavra ganha um significado extra. E uma mão que se estende é uma mão que jamais será esquecida.
No rolo da câmera do celular foram duas horas sem nenhum registro. Não porque a trilha não fosse linda. Mas porque não cabia nada além de lágrimas. Num riacho, o choro cessou. É a água que lava a alma. A trilha é feita disso: de imersões em nós mesmos.
Aqui, quem precisou de ajuda foi o Alex. Bruna colocou o conhecimento em prática mais uma vez. Os alongamentos eram o respiro dos músculos. João, sábio em sua vida de trilhas, sabe os momentos corretos de parar. Ficamos ali por tempo suficiente para o corpo se recompor. Então seguimos.
Curiosidade sobre esse dia: foi um dos que mais me surpreendeu. A Chapada Diamantina concentra três biomas brasileiros – a caatinga, o cerrado e a mata atlântica. Ao longo da caminhada é muito fácil reconhecer a transição. Uma verdadeira aula de geografia a céu aberto.
Num determinado momento do dia, por volta das 15h30, as subidas deram uma brecha. O caminho se fez planície. Vez ou outra, flores coloriam a vegetação.
Às 18h paramos mais uma vez. A lua já brilhava no céu e ainda faltavam alguns quilômetros até o Capão. Nenhuma parada poderia se prolongar.
Uma hora depois, presenciamos o pôr do sol mais lindo. Já fazia 11 horas que estávamos caminhando.
Só que o pôr do sol é anúncio da noite. E andar à noite em meio à descidas de pedras não era a melhor das ideias. Colocamos nossas lanternas e tivemos que negociar. Quando a dor chega ao ápice são os companheiros de trilha que seguram as pontas – e as mochilas. Enquanto Alex se equilibrava com duas mochilas, Bruna intercalava lágrimas e passos firmados com o bastão improvisado pelo João ainda no primeiro dia.
E assim seguimos, noite adentro, rumo ao fim da trilha. Descemos pedras, atravessamos rios, caminhamos por trilhas fechadas até que, às 21h chegamos. Lá estava Ronildo, à nossa espera.
A mistura de sensações ao ver a luz da barraquinha de pastel é indescritível. Um alívio com pitada de saudade. Uma alegria com Q de pena de sair daquela natureza selvagem que nos acolheu e testou. O Trekking do Vale do Pati não é só um dos mais bonitos do Brasil. É uma travessia de quem éramos em direção a quem nos tornamos quando encerramos o percurso. É uma caminhada que nos conecta a quem nos acompanha. Que cria e fortalece laços. Obrigada Alex, Bruna, João. Obrigada Carlito, Ronildo, Eduardo. Obrigada a cada um que fez dessa experiência uma oportunidade única de evolução.
Importante saber:
– Embora se trate de um Parque Nacional, administrado pelo ICM Bio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), não há cobrança de ingressos, bem como guaritas ou pontos de apoio ao longo da trilha. Aliás, as trilhas não são sinalizadas.
– Uma vez dentro do Vale do Pati, as únicas formas de sair são a pé ou de mula. Então, minha sugestão, é programar o roteiro minuciosamente e não arriscar ir por conta.
– Não saia da trilha. Dentro do Parque não há sinal de celular. Sempre informe alguém sobre qualquer desvio que você pretenda fazer – mesmo que seja para ir ao “banheiro”.
– Falando nisso… bom senso é fundamental! Caso precise fazer suas necessidades, calcule uma distância de 60 metros da trilha ou de qualquer fonte de água. Enterre o papel higiênico junto com as fezes.
– Não faça fogueiras (elas são proibidas dentro do parque!) e carregue seus lixos com você.
– Não salte nos poços! É uma tentação, a gente sabe. Mas as águas escuras não permitem saber se há pedras, galhos ou troncos. Cada chuva altera o cenário. Então, mesmo que alguém alegue “conhecer” o lugar, não faça isso.
Preparação
Ciente do grau de dificuldade da trilha, decidi me preparar pra valer. Fiz um mês de aulas todos os dias, inclusive aos sábados (e caminhadas aos domingos), na Bearskin Crossfit. A formação de fisioterapeuta, além de educador físico, do head coach Pedro Gurgacz fez toda a diferença na preparação. Ele corrigiu eventuais falhas e focou nos meus pontos fracos.
Não tive nenhuma lesão ao longo da trilha. Notei uma melhora exponencial no meu condicionamento físico e adquiri coordenação e força para vários movimentos que foram fundamentais nos trechos de subidas e escaladas.
Lembrei das palavras do Pedro e dos movimentos do Crossfit ao longo da trilha inteira. Me surpreendi com o resultado e indico o box e a modalidade para quem precisa criar condicionamento em curto prazo, como eu fiz.
O que levar
Se você tiver que escolher no que investir, priorize as costas e os pés. Uma boa mochila e uma bota resistente fazem toda a diferença numa trilha – seja ela curta ou longa.
Mochila
Atravessei o Vale do Pati com o modelo Air Contact Lite, da Deuter. Ela pesa 1.400 kg e tem capacidade de 30 + 5 litros. Essa é uma litragem comum no exterior. No Brasil, você encontra modelos a partir de 35 + 10, que também são uma ótima pedida. Ela tem armação em x, o que ajuda a distribuir o peso da forma correta, deixando 70% da carga no quadril e apenas 30% nos ombros. Além disso, o espaço para ventilação permite que o ar circule sem que a mochila fique encharcada de suor. Acredite: se você nunca se importou com isso, depois de duas horas de caminhada seu sonho vai ser não ter dor nos ombros e sentir as costas secas. Isso a minha Deuter fez com maestria!
Bota
Já a bota escolhida foi o modelo Venture Fastpack 2 Mid GTX, da The North Face. Essas siglas todas aí significam que ela tem uma membrana Gore-tex, que ajuda a impermeabilizar a bota ao mesmo tempo em que ela se mantém respirável. E isso é essencial para a transpiração do pé, o que ajuda a evitar as bolhas. Além disso, o solado é ultraleve, porém resistente, por conta das camadas extra de poliuretano. Outro ponto que eu destaco é a proteção do tornozelo. O pé fica bem firme, sem risco de torções. Falei que não tive bolhas?! Esse foi o ponto alto da trilha para mim. Recomendo esse modelo de olhos fechados!
Desafio The North Face
Roupas com tecnologia dão conforto, proteção e transformam a trilha numa experiência muito mais agradável. Propus um desafio para a The North Face: usar o mesmo look – composto pela calça conversível Paramount 2.0 e camiseta Reactor manga curta – durante os três dias de trilha. E assim fiz!
A calça tem proteção solar FPU 50, tecnologia Flash Dry, ou seja, seca rapidinho, e ainda por cima vira shorts. O que parece um detalhe fez toda a diferença no dia em que decidi entrar vestida no rio. Do percurso da água até a pousada, tirei a parte de baixo da calça – o que ajudou a secar ainda mais rápido – e não molhou a bota.
Já a camiseta tem toque de algodão, paineis de ventilação, tecnologia Flash Dry e costuras planas. Sabe para que servem as costuras? Para evitar o atrito, que causa feridas ao longo de horas de caminhada.
Comprovei a teoria na prática. Lavei a roupa ao final de cada dia. Acordei com ela limpa, seca e cheirosa na manhã seguinte. Não tive arranhões, não passei calor, não fiquei molhada. Não tive bolhas ou marcas de sol. Caminhei confortável e segura. Consegui focar apenas na experiência de estar na mata. Na trilha. Obrigada, The North Face pela confiança e por permitir que eu testasse as peças de vocês. Hoje indico sem ressalvas.
Não esquecer
Além dos itens citados acima, você precisará de:
– um camelback – ou garrafinha de água – (sugiro o reservatório de água adaptado para a mochila pela questão da praticidade e distribuição de peso);
– chapéu com proteção para pescoço;
– protetor solar (sem moderação);
– lenço (para o pescoço, para secar suor, para proteger os braços, para sentar em cima. Um lenço é uma peça muito versátil numa trilha);
– óculos de sol (a claridade é intensa!);
– lanterna de cabeça (para atravessar as cavernas e para eventuais trechos à noite);
– um corta vento e/ou anorak (caso chova);
– capa de chuva;
– chinelo (para descansar os pés);
– toalha de banho pequena (dry fit, para as cachoeiras).
– antialérgico (eu levei minha mini-farmacinha!).
Bônus
A dica veio de um seguidor e salvou minhas subidas: bala de goma. Sim. Dessas de criança mesmo! Elas são fontes rápidas de glicose e dão aquele up nos momentos de fraqueza. Invista também em mel – daqueles pequenininhos, que podem ser levados nos bolsos. Rapadura é uma ótima pedida, porém não tão fácil de transportar. Leve barrinha de cereal, frutas secas e sementes ou castanhas. Snacks são essenciais para repor energia nas paradas.
E, acima de tudo, vá com o espírito aberto para os ensinamentos do caminho. Uma experiência dessas nunca é apenas sobre passos e cenários. Mas, sim, sobre a nossa capacidade de enxergar o que há além do horizonte – seja ele feito de morros e vales ou de casas e arranha-céus.
2 Comentários
Lilian Fonseca
Postado em 07:31h, 19 maioAdorei sua reportagem!
Sou de Andaraí, chapada Diamantina. Meu pai tem uma casa no Cachoeirão, Vale do Pati.
Amabyle Sandri
Postado em 20:27h, 26 maioLilian, que sorte a sua morar nesse pedacinho de paraíso! Quem é seu pai? Ele usa a casa como hospedagem também? Me conta mais! Obrigada pela mensagem!